Filhos dos deuses - RPG
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New Orleans (Sophie Lebowski)

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Mensagem por Sophie Lebowski Sáb 05 Abr 2014, 3:23 pm

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Eu sempre procurei preencher vazios, fazer aquilo que chamam de "não deixar a peteca cair". Funcionava melhor quando eu era mais jovem. Havia a curiosidade pelas coisas, a sede da descoberta e então chegou esse momento mais apático, onde eu tenho certo domínio das minhas ações e elas acabaram tão automáticas que minha mente ainda divaga.

É complicado falar como eu esperava algo novo com todas as minhas forças e quando isso surgiu eu fiquei tão incrédula quanto amedrontada. A gente normalmente quer coisas estranhas, difíceis e que demandam muito tempo, esforço ou dinheiro pra conseguir e quando algo único cai no seu colo você congela, sente aquele "frio na espinha" que paralisa todos os seus movimentos.

Descobri recentemente que sou o que chamam de "Meio-Sangue", uma semideusa se preferir. Tenho receio até mesmo de pronunciar essas palavras, engraçado isso né cara? O lance é que enquanto estou no meio do olho do furacão tudo apresenta um novo sentido, é como se eu visse meu reflexo num espelho e desconhecesse meu rosto. Fico tentando encontrar justificativas para as coisas que gosto e não gosto, para o que faço e evito de todas as formas.

É quando fico num looping infinito revisando a minha história e não encontro uma brecha sequer pra poder respirar.

Acho que todos devem ter uma história pra contar, se orgulhem dela ou não, então mesmo que as pinceladas sejam mais fortes em alguns pontos imagino imensas gravuras, como aquelas que se vêem no teto da St. Louis Cathedral. Quadro a quadro vou submergindo e apesar de não gostar de tudo que vejo, ainda posso ter algum orgulho e isso é bom certo?


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Por onde começar? Talvez por ... bom... deixa pra lá.

Meu nome é Sophie, tenho 16 anos e estou fazendo uma viagem, daquelas onde você não tem dia e nem hora pra voltar. Minha única companhia é um velho amigo, que também se mostrou novo. Olho para seu rosto com o canto dos olhos e sinto que a qualquer momento ele pode acordar e apertar meu nariz, algo que realmente parece ... um fetiche ou sei lá o quê. Adam Wilker. Estamos num ônibus rumo a um lugar chamado "Acampamento Meio-Sangue" e pelo visto é por lá que ficarei até... bom... até poder retomar minha vida? Nem sei como se daria isso.

Não deixei muitas pessoas chorosas pra trás, na realidade sei que o Jeff se segurou pra evitar passar vergonha na frente do Adam e agora deve estar deitado na rede da varanda com um maço de cigarros e tomando uísque direto do gargalo. Imagino seu rosto vermelho, o nariz fungando e talvez um porta retrato sobre aquela barriguinha que ele tanto odeia. Uma foto "de família". Mãe, ele e eu.


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Jeff Lebowski, O Cara.
É, o Jeff não gosta que o chamem por outro nome e se refere a si mesmo de igual forma. Todos na cidade respeitam isso, seja pra evitar um sermãozinho sobre quem ele é ou por achar engraçado. Tanto faz. Ele é produtor musical de pequenas bandas e tem seu próprio estúdio na nossa casa. Ele é o que eu tenho de mais próximo por família, pois foi quem sempre colocou comida na mesa e pagou as contas. Também quem ia na minha reunião de pais e mestres e brigava com o meu coordenador.

"Pega leve cara, ela é só uma garotinha especial... vocês têm que parar de castrar as pessoas desse jeito!". Lembro que a partir daquele dia eu me tornei a garota mais "cool" da escola e também a mais odiada pelo coordenador. Coisas da vida.

Tirando o cheiro frequente de fumo e bebida, o Jeff sempre foi excepcional. Cuidou de mim quando não tinha a menor obrigação já que minha mãe pirou depois de algumas merdas e precisou ser internada numa clínica em Baton Rouge.

Moramos em New Orleans, também foi lá onde nasci.

Minha mãe era barista até ficar doente e conheceu Jeff num festival de jazz quando eu tinha dois anos. Eles viveram bem por algum tempo (segundo reza) a lenda e quando precisou interná-la ele se responsabilizou por tudo e ficou com a minha guarda. Desde então... meu sobrenome é Lebowski.

Ele sempre me deixou bastante solta, livre pra fazer o que quisesse e nunca foi intrusivo ou abusivo. Ao contrário, acho que ele sempre deu muito mole pra mim. Aos dez anos eu já podia ser dona do meu próprio carro, se ele tivesse grana pra isso, então muitas vezes saíamos para pescar de madrugada e eu dirigia sob seu olhar tranquilo e invariável.

Sentirei falta dele.

Sentirei falta de muitas coisas, eu acho. Sentirei falta de alguns professores da escola, alguns colegas de turma, do Brian – um cara por quem (segundo um juramento de Jeff) eu sou profundamente apaixonada – e das minhas atividades.


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As coisas que mais aprecio no mundo são pintar, cuidar da minha horta e cozinhar. Na rua o que eu mais curtia era passear pela Jackson Square, onde pintores criam e comercializam suas obras, artistas performáticos tocam e dançam enquanto outros fabricam e vendem artesanatos. Você também pode encontrar mágicos, videntes e tarólogos com muita facilidade por ali, ou quem sabe andar de charrete?

Eu ficava lá por horas enquanto O Cara ia até o French Quarter que é o bairro central da cidade com lindas varandas de ferro forjado em arquiteturas francesas e espanholas. Grande parte da vida noturna, com hotéis, bares e bistrôs. Tá explicado né?

A melhor época é quando ocorrem os festivais de jazz que trazem gente do mundo todo e durante as férias. Não posso esquecer dos feriados como Mardi Gras, que é o nosso carnaval e nem de Halloween, Ano Novo e Festival de Voo Doo também são incríveis.

Também ia aos museus de arte, ao parque e zoológico Audubon pra me inspirar e ver a "a vida passar". Parece que eu vivia mais fora do que dentro da casa não é? Mas eu também tinha meus momentos caseiros criando bebidas novas e usando O Cara de cobaia, diversão cem por cento garantida. Como dizem "Laissez les bons temps rouler" que quer dizer "Deixe os bons tempos rolarem", o lema não oficial dos orlenianos.

Minha mãe trabalhava num bar lá na Bourbon Street, que se estende por 13 quarteirões no coração do bairro mais antigo e é uma lembrança do rico passado de New Orleans. Jeff não gosta muito de lá, acho que por ter bares e clubes de streaptease ele diz que não gosta, mas provavelmente deve dar uma passada de vez em quando.


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Não posso esquecer de falar sobre viagens de avião que fazia muitas vezes com O Cara, ele a negócios e eu por falta de ter com quem ficar por longos períodos. Ele é a única pessoa que se obriga a embarcar revezando entre os dois aeroportos de New Orleans "pra evitar o azar" e que sempre perguntava o nome do piloto e co-piloto para a primeira aeromoça que encontrasse. "Se eu for morrer na mão desses desgraçados quero ao menos saber o nome deles antes", algo dito em voz alta e ritualisticamente assim que elas se recusavam a dar a terceira dose seguida de vodca pra ele.

Também viajávamos muitas vezes de trem, quando o destino era New York, Chicago e Los Angeles. Algumas vezes andávamos de bonde mas ele prefere as balsas que saem do Garden District, onde moramos... morávamos ? .. Sei lá... O Cara sempre preferiu as balsas, pois pedestres não pagam. "Com o preço que os cigarros têm hoje em dia, atravesso a nado o Mississipi com um maço na mão ao antes de andar num bonde sem fumo".

New Orleans já teve dias melhores, antes do Katrina a criminalidade e o problema com drogas eram menores e tudo poderia estar muito pior que não fôssemos o centro portuário mais movimentado dos Estados Unidos. É, sentirei falta de lá também. 

Acho melhor parar de escrever, Adam e eu vamos descer e por mais que eu seja capaz de fazer isso enquanto caminho... ele certamente ficará me olhando com uma cara feia e dizendo que se eu cair e quebrar os dentes farei uma entrada triunfal no acampamento. Acho prudente não duvidar, ele já fez algumas predições antes que realmente eram de ... matar.
Sophie Lebowski
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